17.09.2009 - 20h17 Lusa
Os bolseiros de investigação científica concentram-se quarta-feira em Lisboa [em frente à Assembleia da Republica] para lembrar que as bolsas não são aumentadas há sete anos, representando uma perda de poder de compra de 20 por cento, anunciou hoje a associação do sector.Segundo Rui Soares Costa, membro da direcção da Associação dos Bolseiros de Investigação Científica (ABIC), a concentração, sob o mote "Investir em Ciência é investir em quem a faz", pretende ser mais do que "uma acção de protesto ao governo, embora haja uma componente de avaliação das políticas deste executivo".
A iniciativa visa levar os partidos candidatos às legislativas "a apoiarem as reivindicações dos bolseiros de investigação em Portugal" e "sensibilizar a sociedade civil, as organizações sindicais e todos quantos se solidarizam com os bolseiros de investigação para as condições sócio-laborais em que se encontram muitos cientistas no país".
De acordo com Rui Costa, de 27 anos, os bolseiros não vêem aumentadas as suas bolsas desde 2002, "o que significa uma perda de poder de compra de cerca de 20 por cento em sete anos". Além disso, descontam para a Segurança Social como se recebessem o ordenado mínimo, "com todos os prejuízos que isso terá a nível da carreira contributiva, ou seja, para efeitos do cálculo da reforma".
Também não têm direito a subsídios de férias e de Natal ou a subsídio de desemprego e, mesmo quando asseguram necessidades permanentes das instituições, não vêem reconhecido o seu estatuto de trabalhadores, não tendo por isso acesso aos direitos que esse estatuto consagra, lamenta a ABIC.
Rui Soares Costa declarou à Lusa que, nas reuniões tidas desde o início do ano com a direcção da Fundação para a Ciência e Tecnologia (entidade que atribui as bolsas) e com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, as propostas da Associação de Bolseiros foram "recebidas com manifesta abertura". Porém, "não houve concretização das medidas, nem mesmo das mais pequenas", assinalou o bolseiro, que está a terminar o doutoramento e planeia iniciar em seguida um pós-doutoramento.
"Falámos que os valores das bolsas estavam inalterados há sete anos e disseram-nos que queriam muito resolver o problema no imediato, mas que tal não era possível porque isso implicaria reduzir o número de bolsas atribuídas, já que o dinheiro destinado às mesmas não vai aumentar", recordou.
Para Rui Costa, bolseiro de doutoramento na área da Psicologia Social, pelo ISCTE e pela Universidade da Califórnia, "apesar do inegável investimento que tem sido feito pelo executivo na ciência, a situação é de retrocesso para os bolseiros", o que justifica a concentração prevista para as 17h00 de quarta-feira frente à Assembleia da República. "Se o Ministério da Ciência aumentar o número de doutorados, Portugal melhora de posição nos índices de formação e qualificação, mas isso não pode ser feito à custa de condições inaceitáveis", reforçou o doutorando, segundo o qual "todas as forças políticas se têm mostrado sensíveis à situação dos bolseiros".
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