Em Paris tornamo-nos verdes

« O doutor Juvenal Urbino […] regressava de uma longa permanência em Paris. […]quando voltou a ver, do convés do barco, o promontório branco do bairro colonial, os galináceos imóveis em cima dos telhados, as roupas dos pobres estendidas a secar nas varandas, só então compreendeu até que ponto tinha sido uma vítima fácil das ratoeiras caridosas da saudade. […] Quem mais o comoveu foi a mãe, uma mulher ainda jovem que se tinha imposto na vida com a sua elegância e o seu dinamismo social e que, agora, murchava a fogo lento na aura de cânfora dos seus crepes de viúva. Deve ter-se reconhecido na perturbação do filho, pois antecipou-se a perguntar-lhe, em defesa própria, porque tinha aquela pele translúcida que parecia parafina.
- É a vida, mãe – disse ele. – Em Paris tornamo-nos verdes»

Gabriel García Marquez, O Amor nos Tempos de Cólera

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