Livros de bolso

primeiro a noticia:

Literatura
Livro de bolso ressurge em Portugal

Com grande difusão nos anos 60 e 70, «reactivado» nos anos a seguir ao 25 de Abril e sofrendo alguns abalos comerciais nos anos 90 - quando se extinguem várias colecções -, o livro de bolso ressurgiu nos últimos anos em Portugal.

Ressurgimento tímido, sem garra, na opinião de alguns. Ressurgimento ousado, para outros.

Uma coisa ou outra, a verdade é que, isoladamente ou em grupo, várias editoras deitaram mão recentemente à criação de novas colecções literárias de bolso: a Leya lançou a BIS, a Bertrand a 11/17 e o trio Assírio & Alvim, Cotovia e Relógio d'Água a Biblioteca Independente (BI). A Leya, há dias, anunciou mesmo a colocação dos livros da sua colecção à venda em máquinas automáticas, para já em Lisboa.

É um ressurgimento que ocorre em «ambiente mental» pouco propiciatório: há em Portugal a ideia feita de que o formato «não se dá», não liga, com o ADN do leitor português.

Ideia feita mas sem qualquer fundamentação histórica, sociológica, cultural ou outra, se se tiver em conta a abundância das colecções de bolso existentes antes do 25 de Abril.

Abertas à poesia, à ficção, ao teatro e ao ensaio de autores nacionais e estrangeiros, fizeram história, entre outras, a Miniatura (Livros do Brasil), Cadernos de Poesia (Dom Quixote), Argonauta e Vampiro (Livros do Brasil), Teatro (Centelha), Colecção Três Abelhas (Europa-América), O Livro de Bolso (Portugália), Cadernos D. Quixote (Dom Quixote), Colecção Horizonte (Livros Horizonte), Colecção forma (Editorial Presença), Colecção de Bolso da RTP.

A Miniatura, a Livro de Bolso, as Três Abelhas e os Cadernos de Poesia, por exemplo, deram à estampa, em primeira edição, alguns dos nomes maiores do romance, do teatro e da poesia de Portugal e do mundo. Tudo ao contrário do que agora acontece: nenhuma estatística - se a houvesse - assinalaria hoje a publicação de inéditos neste formato.

Ditam esta «variação» os custos de produção e os direitos de autor, mais elevados agora. Aos escritores não agrada nem interessa a perspectiva de um original seu ser publicado em pequeno formato antes de o ser em edição normal.

O livreiro Joaquim Carneiro, um rosto já há muitos anos familiar aos frequentadores da Livraria Portugal, em Lisboa, lembra-se bem do acolhimento que, em seu tempo, tiveram as colecções de bolso, em particular as das Três Abelhas, da Miniatura, da Colecção da RTP. «Vendiam-se enormemente»,conta.

Tem sobre este formato ideias bem definidas. Pensa, por exemplo, que um livro de bolso precisa, para ser lançado, de uma estratégia diferente da que se adopta no caso de um livro de edição normal. E mais: «se um livro de ficção não vende em edição normal, não vale a pena vendê-lo em edição de bolso».

Vendedor de livros, Joaquim Carneiro é pragmático: «A margem dos livros é de 30 por cento. Se eu tenho um livro de 20 euros, fico com 30 por cento. Mas, se vendo um livro de oito euros... ele ocupa-me o mesmo espaço e não rende. Ora eu tenho de rentabilizar o meu espaço».

Há casos excepcionais, no entanto. O livreiro está seguro de que um livro de bolso lançado com uma boa estratégia a apoiá-lo, bem publicitado, de um bom autor, tem «meio caminho» assegurado para vender bem

É também o que pensa Nelson de Matos, durante muitos anos responsável editorial nas Publicações Dom Quixote.

O hoje proprietário de uma edição com o seu próprio nome conhece bem o mecanismo das edições de bolso, as de antes e as do pós-25 de Abril, e não tem dúvidas:«As tiragens viabilizavam-se com números menores. Os custos de fabrico eram bastantes baixos, permitiam fazer o livro de bolso».

Ocorre-lhe, de antes do 25 de Abril, o caso da colecção de bolso da RTP, que «tinha uma editora que a produzia e a televisão que a promovia de forma muito acentuada».

«Mas mesmo posteriormente - assinala - já houve e há colecções de bolso que se viabilizaram. Recordo-me da Europa-América, com uma colecção de centenas ou mesmo milhares de títulos. E a Dom Quixote feita por mim teve uma colecção de bolso de bastante dignidade».

Quando hoje se fala de «insucesso do livro de bolso», o veterano editor está em crer que há pormenores importantes que não são tomados em consideração. «Na minha ideia - argumenta - o insucesso não é devido a que as pessoas não gostam de ter ou ler livros de bolso. A razão é que o livro de bolso tem uma técnica especial, não é para produzir nem distribuir, nem comercializar, nem promover da mesma maneira que um livro normal».

Lusa / SOL


Há muito que me interrogava porque é que não existiam mais edições de bolso em Portugal. Qual é a razão para alguém gastar 20 e tal euros no Código Da Vinci em tamanho grande, quando poderia optar por um 10x18cm a 6 ou 7 euros? Senhor Joaquim Carneiro, é com esta lógica que o livro se venderia mais, as pessoas leriam mais, os livros poderiam circular mais livremente. Faço parte do movimento Bookcrossing.com, e não é por acaso que a maioria dos livros que "solto" são edições de bolso, que não me custaram os olhos da cara, não representam um grande esforço financeiro que me possa prender posteriormente ao objecto (sim, sou calculista). Também terá que me explicar, senhor Joaquim Carneiro, como é que um livro de bolso ocupa o mesmo espaço do que um livro de tamanho dito normal nas prateleiras da sua livraria.

E não me venham com tretas de "ah e tal, mas as letras são tão pequeninas que até dão dores de cabeça", se for uma boa edição não será muito diferente de ler certos artigos de jornal. E um livro pequenino cabe em qualquer lado, basta relembrar o quanto charme tem um livro de bolso enfiado no bolso de um casaco comprido de um qualquer gajo com ar alunado no metro. é todo um outro cenário...


1 nomades:

Anonyme a dit…
20/10/09 16:33

Leio muito nos transportes. todos os dias tenho por companhia um livro e anseio sempre por um formato compativel com a minha mao, histórias que não se comprem ao peso e que não tenha de pensar duas vezes antes de partilhá-lo com alguém que eu sei, de antemão, que não devolverá.

Back to Home Back to Top Nomadismes. Theme ligneous by pure-essence.net. Bloggerized by Chica Blogger.