Deambular

Sábado de manhã, 11 horas. Céu rasgado depois de tempestade. O Tejo igual, a transbordar reflexos, a derramar a luz dos barcos à vela e a galope e o branco das nuvens cheias, os olhos limpos pelo pranto a rasgar sorrisos da cor do céu. Damasceno Monteiro, Calçada do Monte, rua de São Gens, rua da Graça. Há manhãs em que conseguimos caminhar tão leves que nos sentimos descalços a encher o peito com a cidade. Coentros, tomate, cebola, alho e vinho branco. A alma marinada com o peixe, o corpo amanhado e escorrido. Manhã a marear na memória, manhã de medida certa, órfã do ontem e do depois.
E eu órfã dessa luz da manhã, a vaguear pelo crepúsculo, a contornar Alfama e a desaguar perto da Sé, para encher a barriga de bolos e aquecer o corpo com os olhos no rio cor de laranja.

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