nómadas e descalças

Abre a janela quando o meu fumo lhe ocupa o quarto
E estende-me um casaco de malha.
Não me fica bem o azul
Não lhe ficam bem os cigarros.

Almoçamos às cinco da tarde num dia cinzento,
Descansamos sem horas nem estações.
Quotidiano sem peso de tempo que me facilita os dias.

Queixa-se de ter engordado,
De não dormir bem,
De serem cinco da tarde.
Sorrio cúmplice,
Relativizo-lhe as queixas,
Procuro dar-lhe leveza às horas.

Ela limpa-me a euforia e o terror,
A náusea e o cansaço,
Cala-me a fome e o insulto,
Mede-me a lucidez.

«Pensei que viesses ontem,
Que dia é hoje?»

Já cheguei, minha amiga
E vou-te arregaçar as mangas antes que sejam cinco da tarde.
Escolher contigo as palavras
Com a cumplicidade com que escolhemos fruta no mercado
Limpar-te as dúvidas e a gramática.

Mais do que a resistência deste exílio
Valem o caminhar na nossa nómada rotina
E os passos descalços, como aqueles que usamos
Cá em casa.

2 nomades:

Tita Xana a dit…
11/5/06 10:43

caralho carocha vieram-me as lagrimas aos olhooooooooooooooos!!!!!!!
ontem safaste-me de boa!
Detanço até as 2h, vinhaça, que du bonheur :)
é nisto que ficamos? sera que é hoje que bossamos?
Jah bless e tal...

Cata a dit…
17/5/06 14:20

Quem escreveu?! Grande poetisa!!! A sério... aDOREI!
bJS

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