Augusto

O Augusto estala os ossos das mãos e os do orgulho ferido, tem ossos de despeito e no fígado a autoridade frustrada. «Não vejo a hora de pôr as mãos naquela miúda, aliviar esta bolha de raiva que me engasga e me deixa o estomâgo a arder, calar as palavras da Arminda cheias de amargura e azia que me entopem os ouvidos e o cérebro». E a Arminda com dentes de rata e olhos de aflição mói o engodo da dor e da vergonha, vomita a angústia. Só o Augusto digere, o Augusto que mandou ler sem ensinar a ver e que sempre escreveu sem saber ler. «Não é que eu goste de lhe bater, mas já que não posso arrear no filho da puta com quem ela anda metida pelas caves maradas dos Anjos, essa toupeira que além de viver debaixo da terra ainda leva para lá a minha melhor filha, ao menos que me alivie nela para conseguir respirar de novo e calar esta Arminda de vez». E o Augusto a mandar ouvir, surdo de ódio, o Augusto que ensinou a andar de costas direitas e que sempre carregou a marreca da ambição e da vergonha aos tropeções, o Augusto de mãos a arder, a abrir a boca à filha que lhe escarra o sangue na cara e que o chama de calhorda.

1 nomades:

Tita Xana a dit…
12/6/07 22:42

a sua melhor filha... ta boa esta. ja nao se pode ser toupeira :P

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