Até onde vai o abuso de poder dos direitos de autor? François Koltès, herdeiro dos direitos de autor do dramaturgo Bernard-Marie Koltès impediu a continuação do espectáculo
Le retour au désert em cena na casa de Molière, a partir da 30ª representação. Motivo: o actor que interpreta o papel de Aziz na guerra da Argélia não é considerado árabe, apesar de falar árabe perfeitamente e ter origens Kabiles da parte da mãe! Mas o que é ser 100% árabe, Monsieur Koltès? Ou por outra, o que é não ser árabe? O que é ter um ar «demasiado europeu»? Quem se havia de lembrar que no teatro, espaço de metamorfose, onde se vestem segundas, terceiras e múltiplas peles, alguém iria tomar como critério a origem e a cor da pele dos actores. Chegou a hora senhores, de pedir um comprovativo de pureza ariana a quem queira representar o Hitler, um exame ginecológico a quem queira representar Marianne e o teste do balão às actrizes desejosas de interpretarem mulheres alcoólicas. Curiosos castings, os que se avizinham. Triste destino, o do teatro de Koltès, um teatro de denúncia engagée que tem por herdeira tanta confusão e ignorância. Aqui se manifestam um profundo desagrado e todo o apoio à Troupe de Molière e que a arte do ver por excelência nos continue a mostrar o caminho desse
Retour au désert.
O julgamento é dia 20 de Junho. Sobre o
Affaire Koltès:
http://www.lemonde.fr/web/article/0,1-0@2-3246,36-916034,0.html
www.lemonde.fr/web/article/0,1-0@2-3246,36-916741@51-915891,0.html - 30 Mai 2007 -
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